Mar
Novo é o quinto livro de poesia de Sophia de Mello Breyner Andersen, publicado
pela primeira vez em 1958. Os poemas que constituem a obra são de forma
irregular, podendo assumir, entre outros, a forma de sonetos (Corpo), quadras
(Lusitânia) ou simples dísticos (Deus é no dia). Com uma temática recorrente no
mar (Longe o marinheiro tem/ uma serena praia de mãos puras) e na mitologia
(soneto “as três parcas”), cremos ser com estes dois aspetos que se pode
definir esta obra.
Não
deixa contudo de ser curioso que um dos títulos de um dos poemas seja
“Liberdade”, atendendo ao período de repressão e censura que se vivia em
Portugal à época da publicação do livro. O poema em si, a nosso ver, nada tem
que pudesse despertar ímpetos mais revolucionários. Talvez por isso tenha sido
deixado passar, pois assim poderia contribuir-se para a chamada “aparente
liberdade” que era preciso que o regime soubesse dar.
Cremos
ainda poder dizer que há um lamento, com um roçar da ironia, feito por Sophia,
pelo estado da poesia, onde nos brinda com a seguinte quadra:
A bela e pura
palavra Poesia
Tanto pelos
caminhos se arrastou
Que alta noite a
encontrei perdida
Num bordel onde
um morto a assassinou.
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