"Ler é sonhar pela mão de outrem. Ler mal e por alto é libertarmo-nos da mão que nos conduz. A superficialidade na erudição é o melhor modo de ler bem e ser profundo."
Bernardo Soares
Livro do Desassossego
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terça-feira, 17 de junho de 2014

A Revolta, de Suzanne Collins


Este é o terceiro livro da trilogia “Jogos da Fome”. Foi lançado em agosto de 2010 com o título “Mockingjay”, tendo sido publicada a primeira edição portuguesa em novembro de 2011. Este livro lança-nos por uma verdadeira vertigem de emoções. Sendo narrado na primeira pessoa, como os anteriores, acompanhamos, uma vez mais, a construção psicológica (ou será a desconstrução?) da protagonista. Começa o livro num estado emocionalmente frágil, encontrando apenas no ódio e no rancor forma de se manter viva. E é interessante ver a sua evolução. Mesmo quando parece que já não é o seu motivo de ódio que a mantém viva, isso é-nos relembrado. O seu objetivo final é matar X. E é curioso o resultado final da guerra.

Há um grande tema neste livro, sobre o qual nos podemos debater: os efeitos do poder. Com efeito, mais que organização da resistência, ao lê-lo deveríamos sempre perguntar-nos: até onde estão os mais poderosos (do lado da resistência ou não) dispostos a ir para manterem o seu poder? Para se manterem influentes e poderosos? E de que modo os perdedores podem usar isso mais ou menos a seu favor?


Quanto à trilogia em si, ela remete-nos para a queda dos poderosos que ascendem e se mantêm no alto do poder com base na repressão e subjugação de uma franja alargada de pessoas. Com efeito, mesmo que subjugadas e controladas, há sempre meio de escapar à submissão e os veículos desta podem por vezes flexibiliza-la, ainda que de uma forma incipiente, é o suficiente para acender um rastilho.

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

The Hunger Games: em Chamas, de Suzanne Collins


Este é o segundo volume da trilogia “Jogos da Fome”, ou “Hunger Games”, no original. Já tendo falado do primeiro volume aqui, este apresenta a sequela de quem ousou desafiar o poder instituído. Foi lançado em 2009 nos Estados Unidos, com o título “Catching Fire”, e cerca de um ano depois em Portugal.


Contém um enredo relativamente melhor que o primeiro volume. Continua a ser narrado na primeira pessoa, pela protagonista. Assim, a narrativa evolui à medida que ela toma conhecimento das intrigas que a rodeiam, assim como dos seus planos e atitudes. A personagem, na continuação do primeiro livro, continua a ser bem desenvolvida. Sentimo-nos confusos quando ela se sente confusa. Sentimo-nos entrar num ritmo acelerado quando ela entra num ritmo acelerado. Também os demais personagens, sobretudo os outros dois vencedores do seu distrito, são melhor desenvolvidos e melhor apresentados.


Tem duas grandes reviravoltas, uma aproximadamente a meio e outra no fim. A primeira não é mais que um afunilamento de acontecimentos que acabou conduzir àquele fim. A segunda, apesar de inesperada, justifica os indícios e as pequenas confusões que se vão gerando ao longo da narrativa.


Quanto à adaptação cinematográfica, contrariamente à do primeiro volume, esta ficou mais aquém do real seguimento do livro. 

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Jogos da Fome, de Suzanne Collins


Os “Jogos da Fome” é o primeiro volume de uma trilogia do mesmo nome. Foi lançado em 2008 nos Estados Unidos e em 2009 em Portugal. Passa-se num futuro pós-apocalíptico, na América, em que os interesses de uns prevalecem sobre os demais, remetendo as pessoas dos “distritos” a uma condição muitas vezes miserável, de modo a que as rebeliões sejam severamente reprimidas. O contrabando é comum, apesar de proibido. As pessoas estão preocupadas em tentar arranjar alguma coisa para comer, para além do medo que sentem em fazer uma rebelião.

Esta aconteceu no passado desta narrativa, quando os treze distritos revoltado contra a “cidade central”, Capitol. O Distrito 13 foi dizimado, e os restantes foram controlados. Para relembrar todos os anos o poder de Capitol, todos os distritos têm de enviar dois adolescentes (os tributos) para participar num evento denominado “Jogos da Fome”. Neste são colocados os 24 jovens numa arena (um grande espaço, que no caso dos jogos descritos são florestas enormes), onde têm de lutar até à morte, para que exista um único vencedor, que será rico e viverá para sempre como um herói. Há uma grande semelhança com os espétaculos de gladiadores da Roma Antiga, e até existem apostas sobre os tributos, assim como são dados patrocínios aos tributos ao longo do desenrolar do jogo.


Este livro é narrado na primeira pessoa pela protagonista, a jovem tributo do Distrito 12, um dos mais pobres. E ela e o seu colega “tributo” irão desafiar o poder instituído pelos grandes de Capitol, apesar da feroz luta pela sobrevivência e de não serem os mais preparados para enfrentar este desafio. Ou será esta tortura?

O livro está escrito numa linguagem acessível e clara. Tem um bom argumento, e a história está bem contada. As reviravoltas, quando existem, são fundamentadas, e não deixam a narrativa “manca”, nem aquém daquilo que será expectável.


Foi criado um filme, baseado na ação do livro. E contrariamente ao que é prática na adaptação de livros para filmes, este é bastante fidedigno. Com exceção das cenas finais, em que os tributos falam da vitória, que foram amputadas, pode quase dizer-se que as cenas correspondem largamente aquilo que realmente se passa no livro.


Agora resta ler o resto da trilogia, para ver a sua qualidade no todo, e não apenas por este livro. 

(imagens do filme)