"Ler é sonhar pela mão de outrem. Ler mal e por alto é libertarmo-nos da mão que nos conduz. A superficialidade na erudição é o melhor modo de ler bem e ser profundo."
Bernardo Soares
Livro do Desassossego
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terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Os Crimes do ABC & O Enigma do Sapato, de Agatha Christie



Estes dois romances de Agatha Christie, protagonizados pelo detive Belga Hercule Poirot, foram publicados pela primeira em 1936 e 1940 respetivamente. 

Apesar de serem obras diferentes com panos de fundo diferentes, ambas contam com uma série de homicídios e com uma grande reviravolta no final. O grande senão de ambas é precisamente esse: a reviravolta final é pouco preparada ao longo do livro, parecendo rebuscada em excesso. Ou talvez não. Na verdade, depois de sabermos como tudo termina, e relembrarmos a narrativa em si, percebemos que os indícios estavam lá, mas simplesmente passaram-nos ao lado. Porque talvez sejamos demasiado objetivos, como a Scotland Yard o foi, e não atentássemos devidamente aos pormenores, como Poirot atenta.

Dois interessantes livros de Agatha Christie, longe de um top, mas ainda assim uma leitura bastante interessante. 

sábado, 22 de novembro de 2014

Jogo de Espelhos, de Agatha Christie


Publicado em 1952 com o título "They do it with mirrors", "Jogo de Espelhos" é o 12.º livro da série "Marple", da autoria de Agatha Christie. 

Um entrançado interessante, em que Miss Marple, ao contrário do quem vem acontecendo em alguns livros da saga, assume um papel ativo na investigação do homicídio, em casa de uma grande amiga de infância. Uma família de pessoas onde existem mais ressentimentos e ódios entre todos, do que espírito de união familiar, tendo como "cereja no topo do bolo" a existência de um asilo para jovens deliquentes, que muitos querem usar como bode expiatório do crime cometido.

Não será o melhor livro da saga, mas sem dúvida que é um daqueles a não perder. 

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Crime no Hotel Bertram


Este policial de Agatha Christie, publicado pela primeira vez em 1965, é o 9.º da série protagonizado pela solteirona Miss Marple. Encontramos Miss Marple mais debilitada do que a encontramos nas Caraíbas, no volume anterior. Aqui foram-lhe oferecidos alguns dias pela esposa do seu sobrinho num hotel londrino – O Hotel Bertram. Sobrinho este que nos primeiros volumes da série Marple era um jovem escritor com os seus primeiros livros, e que aqui vamos encontrar já na casa dos 50s, como um escritor de sucesso. Por esta forma, podemos ver o quão tempo passou desde o início da série.

Tendo este hotel como pano de fundo, podemos afirmar que Miss Marple assume um papel quase secundário, no que à investigação criminal respeita, sendo o protagonismo dado ao inspetor Campbell (O Patriarca). A própria ação policial é deveras confusa e muito rebuscada. Está longe de ser um bom livro da série e da própria autora, visto que peca tanto pela ausência de envolvimento de Miss Marple como por uma ação muito pouco real. 

domingo, 14 de setembro de 2014

Mistério nas Caraíbas, de Agatha Christie


Este é o sexto romance policial da autora que tem como protagonista Miss Marple. Foi publicado em 1964. Aqui encontramos Miss Marple num cenário paradísico – as Caraíbas – mas que a ela enfadam bastante, pelo seu estilo monótono.

Contudo, uma mancha agita a monotonia daquele lugar: um velho chato aparece morto. E aquilo a que muitos parece uma coisa natural, deixa Miss Marple de pé atrás. E as mortes sucedem-se. E as pessoas não são o que parecem. Adultério e crime povoam as páginas deste policial. Miss Marple será auxiliada por um intratável idoso: Mr. Rafiel, que se encontra bem perto das portas da morte. Este chama-lhe “Némesis”, em alusão à personagem mitológica que representa a vingança divina.


É sem dúvida um bom livro dentro da saga Miss Marple. Ao contrário dos dois policiais anteriores protagonizados por esta, em que assume um papel mais passivo, vemos aqui uma Miss Jane Marple mais enérgica e mais ativa na resolução do crime que a rodeia. Quase que como se o calor das Caraíbas a rejuvenescessem face à fria Inglaterra. 

domingo, 29 de junho de 2014

O espelho quebrado, de Agatha Christie


Publicado pela primeira vez em 1962, com o título “The Mirror Crack’d from Side to Side”, sendo o sexto livro protagonizado por Miss Marple, sem contar a coletânea de contos “Os treze enigmas”. Nesta obra são mencionados como parte do passado precisamente este último livro, assim como um outro, “Um corpo na biblioteca”. Acentua-se a velhice de Miss Marple, que como dissemos anteriormente, resulta de uma necessidade da autora envelhecer a personagem que já criou como sendo uma “senhora de idade”.

A participação de Miss Marple na ação é bastante reduzida, à semelhança do livro anterior (O Comboio das 16.50 - ver aqui). Contudo, talvez por a ação se desenrolar na sua aldeia, St. Mary Mead, podemos afirmar que ela funciona não só como a personagem para onde convergem todos os factos (sejam os do inspetor responsável, que vem aconselhar-se com ela, como os mexericos de aldeia), o que contribui, apesar de tudo, para uma maior presença sua no desenrolar da ação.


Talvez por termos vistos a adaptação deste episódio na série “Marple”, conseguimos captar os indícios que, desde que começa o livro, se adivinhavam no desenrolar da trama para a descoberta do verdadeiro culpado. O final é inesperado, sem dúvida, não tanto pela descoberta do assassino, mas tanto mais pela atitude (dolosa ou negligente?) que este toma. Um médio-alto livro dentro da série “Marple”. 

quarta-feira, 4 de junho de 2014

O Comboio das 16.50h, de Agatha Christie


Este policial de Agatha Christie foi lançado em 1957, com o título original “4.50 from Paddington”. É o sexto livro protagonizado por Miss Marple, contudo é de notar o seu envelhecimento face a livros anteriores. Com efeito, a autora uma vez afirmou que foi um erro criar Miss Marple e Poirot já velhos, pois assim não envelheceram com ela. O primeiro romance protagonizado por Miss Marple houvera sido lançado em 1930 (27 anos antes), e assim a autora sentiu necessidade de torna Miss Marple mais debilitada.

Com efeito, Miss Marple assume-se como “cérebro” dos desenvolvimentos, contudo é uma sua amiga que coordena as coisas no terreno, Lucy Eyelesbarrow. Perde-se assim um pouco da importância de Marple no desenrolar da trama.

Quanto ao desenvolvimento da ação em si, quando converge para determinado desfecho, há uma reviravolta, aproximadamente a 3/4 do livro. Há uma segunda reviravolta no final, para o desenlace, desta feita protagonizada pela própria Miss Marple. É uma reviravolta grande de mais e bastante rebuscada. Existiam indícios, é certo, contudo estes poderiam ter sido mais desenvolvidos ao logo da teia narrativa, para não parece, ao final, que surgiram do ar.


Foi adaptado para a série Marple, relativamente fidedigno ao original, contudo, com uma Miss Marple mais interventiva, o que, sem dúvida, enriqueceu o episódio. 

sexta-feira, 14 de março de 2014

Cão da Morte, de Agatha Christie


Publicado pela primeira vez em 1933, com título original “The Hound of Death ant Other Stories”. Este livro é um conjunto de 12 contos, onde apesar de alguns se enquadrarem de alguma forma num crime convencional, ou por outra, num crime com uma explicação dentro do conceito da racionalidade, a sua grande maioria remete para o drama psicológico, isto é, ocorre uma morte cuja justificação assenta em motivos parapsicológicos e que pode ter envolvidas pessoas com fortes perturbações mentais. 

Contrariamente a outros policiais de Agatha Christie, este destaca-se pela existência de um elemento sobrenatural e exótico a povoá-lo, ou seja, nem sempre há uma explicação racional para as mortes existentes.

Traz-nos um registo diferente da autora, cujas obras são normalmente povoadas pela dedução profissional (com o superintende Battle ou Poirot) ou mais amadora (com Miss Marple). Contudo, deixa transparecer a versatilidade, ainda que sempre dentro do género policial, de Agatha Christie. Desta série de contos, “O Mistério do Pote Chinês” foi adaptado para uma série de Agatha Christie em 1982. 


quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Matar é fácil, de Agatha Christie

 Este livro foi lançado pela primeira vez em 1939, com o título original Murder is Easy. É protagonizado por um polícia que regressa do oriente, e que conhece uma velhota num comboio que lhe fala de uma série de assassinatos que ocorrem na sua pequena aldeia. Ele não liga, pois crê que é tudo fantasia. Contudo, acaba por descobrir que ela, enquanto ia a caminho da Scotland Yard para apresentar a sua teoria, é atropelada e o condutor foge.


A partir daqui, a trama passa para a pequena aldeia, onde muitos parecem culpados e poucos inocentes. Contudo, há duas duplas reviravoltas, em que se chegará ao final, onde o culpado é aquele que menos se esperava, e que se empenhou não em descobrir o culpado, mas sim em atirar as culpas para outros. Já Bem perto do final, o superintendente Battle, personagem de outros policiais de AC, assume parte da investigação no desmascarar do verdadeiro assassino.


E um bom livro, dentro do universo de AC, apesar de não o podermos considerar o melhor (nem que seja dos que já lemos). Poderia ganhar, ao nível da escrita, se fosse narrado na primeira pessoa pelo dito polícia que vem do Oriente, mas isto é uma questão de gosto pessoal. Existe uma adaptação do livro, na série Marple, em que Miss Marple (uma detetive amadora que assume o protagonismo de um número significativo de romances de AC) assume o principal papel na descoberta do assassino. Aqui o culpado continua a ser o mesmo, mas o objeto do crime é outro, totalmente diferente. 

Imagens da série Marple.

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

O Assassinato de Roger Ackroyd

Publicado pela primeira vez em 1926, com o título The Murder of Roger Ackroyd, é normalmente considerado a obra-prima de Agatha Christie. Título que, na minha opinião, se encontra a par com outro policial da autora: “As dez figuras negras”. Como em todos os policiais, a pergunta que domina o livro é “Quem matou X?”, neste caso, “Quem matou Roger Ackroyd?”.



Os factos que se vão apresentando adensam o mistério: todos aqueles que realmente poderiam beneficiar com a morte dele, têm alibis suficientemente convincentes. A um determinado momento, Hercule Poirot (a mais famosa personagem de AC), diz que todos aqueles que estavam à mesa com ele, escondiam algo. Todos eles! E gradualmente, foi-se descobrindo o que cada um escondia. Bem perto do final, Poirot junta novamente todas estas pessoas e confronta a consciência de cada um com os factos.


Já por várias vezes que tinha ouvido falar deste livro, como estando relacionada parte da ação com uma “troca de sapatos”. Ora, ao ler logo após a descoberta do cadáver assassinado, percebe-se quem estava inocente (pelos comentários que já tinham partilhado comigo). Contudo, apesar de ter esta informação, torna-se bastante difícil perceber quem era realmente o assassino. E quando Poirot confronta todos os possíveis, desenha-se um assassino possível bem demais (o que me levou a crer que seria um outro). Contudo, o final supera todas as expectativas. Será sempre aquele que não se não se considerou o verdadeiro assassino. 

domingo, 8 de dezembro de 2013

O Enigma das Cartas Anónimas, de Agatha Christie


Foi publicado pela primeira vez em julho de 1942, com o título The Moving Finger.

Dois irmãos londrinos mudam-se para uma típica aldeia onde todos se conhecem e sabem a vida uns dos outros. Nesta aldeia, desde há uns tempos, algumas das mulheres recebem cartas anónimas, com injúrias e calúnias das suas vidas íntimas, até que uma delas conduz ao aparente suicídio de uma delas. O autor desconhecido das cartas é responsabilizado por esta morte. No dia em que se completa uma semana desta primeira morte, há uma segunda, e desta vez é um homicídio, sem sombras de dúvidas. E o verdadeiro mistério é mesmo quem é o verdadeiro autor destas cartas.

O grande mistério acaba por ser resolvido por Miss Marple, uma das duas personagens criadas por Agatha Christie. E curiosamente, Miss Marple acaba por ter um papel muito pouco relevante e secundário. Aparece já a 2/3 da ação do livro, e praticamente só tem ação no final, quando explica como se processaram os dois homicídios.


Não é um dos melhores livros da autora, contudo tem algum brilho. Miss Marple perde um pouco de protagonismo, por ter um papel mais secundário a que não se está habituado nos livros de AC. Poderia ser igualmente uma narrativa igualmente boa, mesmo sem a presença de Miss Marple.