Foi o quarto livro do autor, depois da
“Trilogia da Neblina”, e o último dedicado a jovens/ adolescentes, segundo a
sua própria intenção, mas lido por muitos cuja faixa etária já está fora do que
se pode considerar “jovem” (apesar da juventude ser, antes de tudo, um estado
de espírito). É sem dúvida uma narrativa de suspense, pontuada com momentos
altos e reviravoltas constantes. É narrada na primeira pessoa, por um dos protagonistas,
Óscar Drai. E vamos tendo acesso às informações ao mesmo tempo que o narrador,
seguindo assim por dentro a busca deste pelos acontecimentos passados em
Barcelona anos antes dele.
Aqui os dois protagonistas procuram
respostas para um mistério que gira em torno de um médico, um cocheiro/
motorista dedicado ao seu patrão, um empresário falido e sem escrúpulos, um
mendigo que vira o homem mais rico de Barcelona, e que se casa com uma atriz
explorada como artista por dois irmãos gémeos. Paralelamente a esta, há a
história dos protagonistas, cujo final não é feliz, porque a vida nem sempre é
feliz. Como também não o foi para aqueles cujo mistério perseguiram.
É uma obra que nos faz refletir em
diversos aspetos humanos, quantas vezes contraditórios: beleza – deficiência
física; lucidez – demência; vida – morte; mortalidade – imortalidade. É antes
de mais um tributo à vida e faz-nos chegar a uma conclusão: a vida é breve, não
sabemos quando pode terminar, há que a viver sem nos importamos (ou tentando
minimizar) as nossas limitações físicas.