"Ler é sonhar pela mão de outrem. Ler mal e por alto é libertarmo-nos da mão que nos conduz. A superficialidade na erudição é o melhor modo de ler bem e ser profundo."
Bernardo Soares
Livro do Desassossego

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Cancioneiro da Ribeira de Muge, de Manuel Evangelista


Existem muitos tipos de património. O etnográfico, devido às suas características próprias (nomeadamente o facto de estar intimamente ligado a aspetos de difícil conservação e fácil adulteração), quando se cruza com a dimensão imaterial, corre um risco muito maior de desaparecer.

Este livro é um importante contributo para a fixação do património imaterial e etnográfico da zona da Ribeira de Muge. As músicas, quadras e rimas que aqui encontramos são popularmente designadas como “versos”. As mulheres nos canteiros de arroz ou os homens nas tavernas (já bem tocados), eram dois dos melhores cenários para a criação desta poesia popular.

É praticamente impossível recuperar e registar todo o património que aqui se criou. Contudo, este livro dá um notável contributo para que aquele que aqui está registado já não se perca.

Apanha da azeitona
Vimos do campo
De trabalhar
Alegremente
Rir e mangar
As nossas varas
São as primeiras
Nas oliveiras
A varejar
A varejar
Também tem apanhadeiras
Nas oliveiras
Para apanhar

Rancho da nossa Raposa
Como tu não há igual
Azeitona já verdeja
Bendita vareja
Viva Portugal
Azeitona já verdeja
Bendita vareja
Viva Portugal.
(p. 62).

1 comentário:

  1. Samuel, faz-se o que se pode. Sempre elevando a nossa cultura, subindo ao povo, sem falcatruas e folclorices.

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